Via Semente - “Sozinho, junto com todo mundo”, tocando com delicadeza

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Não é novidade que a nossa sociedade enfrenta problemas para quebrar determinados protótipos. O que tange tais dificuldades leva uma série de motivos dentre eles, o religioso. A peça “Sozinho, junto com todo mundo” aborda uma temática que ainda fundamenta críticas pesadas e a falta de aceitação de muitos. A homossexualidade.
Os integrantes do grupo Arteparc Teatral conseguiram levar ao palco uma realidade compartilhada por diversas pessoas. O obstáculo que surge ao dizer pra si mesmo, para a família, para os amigos e os demais sobre a orientação sexual. Evidentemente, tal temática tem sido discutida pacificamente, incluindo aí questões jurídicas a favor dos homossexuais. Contudo, há um preconceito implícito e explícito que fere com a dignidade de cidadãos que desejam viver tranquilamente um sentimento grandioso por uma pessoa do mesmo sexo.
Criado por Marcos Riby e com importantes intervenções (poéticas, instrumentais, danças e depoimentos de outros participantes), o texto da peça chama o público para um enredo emocionante, profundo, palpável e triste. Ao final é possível levantar-se do banco com um entendimento esplêndido sobre o que os homossexuais comumente enfrentam ao deixarem claro com quem gostariam de estar e se relacionar.
Os personagens para além de captarem a atenção da platéia, envolvem todos em um cobertor de subjetividade mesclados a certa objetividade capaz de explanar um tema tão comentado atualmente de maneira sutil e especial. “Sozinho, junto com todo mundo” é um recorte da realidade levado para o movimento do ato cênico. Com o diferencial de poder impressionar o público e tocá-lo sem agressividade, mas com sentimentos!
Movidos por uma sensibilidade singular e uma capacidade surpreendente de atuação, os atores comovem e reforçam a importância do respeito aos homossexuais. A abertura que o texto dá ao público ao final da peça com os depoimentos, mostra a tentativa de dialogar com todos os que presenciam a peça. Sendo adeptos ou não aos homossexuais, “Sozinho, junto com todo mundo” tem como intuito dar voz e não retirar essa voz. Todos podem e devem pensar individualmente, mas o que é salientado em toda a história é o entendimento de que homossexuais são indivíduos como quaisquer outros. São pessoas que carregam seus contextos históricos e que também lutam por uma caminhada mais honrada.
Diante da qualidade cênica, a criatividade, a flexibilidade de todos os que contribuíram direta e indiretamente para a ascensão da peça “Sozinho, junto com todo mundo” nos palcos, é impossível não indicar. É válido o desejo de assistir esta fatia delicada da realidade incorporada por pessoas que encaram o teatro com seriedade e como parte de suas próprias vidas.


Por Lucas Teles, às 13h17min do dia 14 de agosto de 2012


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