Via Semente - UM PRONTUÁRIO VIVO (parte II)

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O seriado americano de medicina fez-me adentrar nos mistérios da NEUROANATOMIA. Apaxonei-me pela ínsula e nunca mais esqueci de uma frase lida na internet sobre ela ser o ponto de encontro entre alma e o corpo. Centenas de sensações eclodindo do sistema límbico e um amontoado de aprendizados referentes à ANATO CABEÇA E PESCOÇO.

Diferentemente da mescla de angústias e prazeres da FISIOLOGIA BÁSICA, a APLICADA deu sentido e tonalidades diversas em todo o cenário. Os vários mecanismos fonoaudiológicos (audição, deglutição etc) tornaram-se um filme vivo na mente daqueles que perderam seus feriados de início de ano, para entregarem-se aos livros, slides e vídeos.

Novamente o seriado americano marcando presença promovendo internamente uma satisfação enorme em reconhecer sintomas e suas respectivas doenças. Só não fazia questão de sentir-me médico, justamente pelo amor incondicional à fonoaudiologia. Parentes, amigos, conhecidos... Suas doenças passaram a ter outros significados. Do grego pathós, sugerindo sofrimento, o estudo das doenças, a respeitada PATOLOGIA.

Não sabia que seria o início de uma disciplina posterior. E tampouco poderia imaginar que seria entregue com tanto afinco e correlação com a minha futura profissão. Alguns distúrbios, medicamentos e discussão de comportamentos em sala de aula por meio de uma metodologia corrida e mui bem cobrada. Não me esquecerei da cartolina solicitada fazendo-me recordar as preciosidades do fundamental. A PSICOLOGIA é verdadeiramente primordial e trouxe de volta as boas lembranças do estágio nas escolas municipais da Prefeitura de BH. Uma, no nível de ensino médio e a outra, quando fui um estudante de Letras em uma instituição de ensino privada. Ali eu pude começar a entender o “ser adulto”. Quantas coisas vêm à tona. Incrível!

Desafiadora. Felizmente, deu tudo certo. A peguei do quarto para desgustá-la no terceiro. E a INTRODUÇÃO A AUDIOLOGIA incitou-me a conhecer uma das áreas da fono de maneira singela e super alto astral. A docente fazia-nos vagar por Marte. Manhãs de sexta mais que divertidas.

TÓPICOS EM SAÚDE COLETIVA não apresentava nenhum script de Hitler. Simplesmente os pontos seriam dados no fim com um bom trabalho à mostra. Que especial foi poder sentir o resultado de muita dedicação com o trabalho intitulado “Uma abordagem sobre a Xerostomia”. Parte escrita encadernada, colorida, slide dinâmico e entrevista com uma queridíssima farmacêutica. São momentos assim que enxergamos que é preciso prosseguir. Os bons frutos vão caindo suavemente. Quando a gente assusta, muito já foi aprendido!

Uma das escolas municipais, os momentos riquíssimos vividos no CENEX em tempos de Licenciatura. Absolutamente tudo em um resumo inédito que foi o de dar monitoria de FUNDAMENTOS DE LIBRAS ON LINE. A língua de sinais pôde ser mais uma vez treinada após a saudade que o “quarteto fantástico” deixou ousadamente em meu peito. Difícil fora a tarefa de manter-me lá. Mas mesmo que rapidamente, uma oportunidade concedida e válida.

O pesadelo do colegial se materializou no que conhecemos por FUNDAMENTOS DE FÍSICA. No mundo chamado fonoaudiologia, calculadoras científicas e um prédio demasiadamente distinto do ambiente hospitalar que é a Faculdade de Medicina da universidade, tomou o seu lugar. Com muito sufoco e algumas “facilitações”, houve a morte da danada com mais de 70% do rendimento. “Icex outra vez? Nunca precisou!”

E de repente o fato de ser um mero estudante de fonoaudiologia passou a ser encarado como a tarefa séria de ser fonoaudiólogo. O profissional da comunicação humana em todas as suas vertentes... Um dos semestres mais densos de serem vividos junto com outros pesos que nos cercam e que transcendem os muros acadêmicos. Só para dar início ao desespero, uma OTORRINO focada na laringe, boca e nariz. Um balde de novidades incríveis sobre crises alérgicas, obstruções nasais, alterações vocais desvendadas. Enfim! Posteriormente, sua irmã. A OTORRINOLARINGOLOGIA da audição. Mostrando o por que a profissão de fono nasceu dessa espetacular e admirável área da medicina. Não pensemos jamais que os ossículos são apenas ossículos, toda a audição é coisa difícil de se entender e exige muita entrega. Felizmente, tudo deu certo com as preciosas partes deste curso recheado de sentidos.

A NEUROLOGIA veio quebrar certas admirações vividas em tempos de Neuroanato. Talvez que a proferia não tivesse tanto “rebolado”. Mas depois do primeiro elogio na fase dos seminários. HAHAHAHA! Não teve outra. O conteúdo passou a ser encarado de outra maneira e tratei-me de investigar mais a fio a aplicabilidade de enfiar a cara nos medicamentos. Alguns comportamentos observados puderam ser melhor “lidos” depois das aulas ministradas. Aquela doutoranda do curso de fono em Neurociências, instigou muita gente a acreditar na potencialidade do curso e o quão grandiosa pode ser a sua contribuição.

O leque dos desenvolvimentos impedidos nos tempos de outrora em seu devido lugar, pôde ser usufruído. O DESENVOLVIMENTO DA M.O provocando o estranho desejo de ver os bebês com outros olhos. Movimentos mandibulares como saltos dados por bailarinas. DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM derrubando sobre toda a turma as essências grandiosas daqueles que começam a se comunicar pelo choro, pelo balbucio. O DESENVOLVIMENTO DA VOZ com sua didática um tanto estranha de ser, exibiu uma das complexas áreas desta profissão e o quanto a VOZ pode significar um registro de personalidade.

Logo viriam àquelas que colocam qualquer um na berlinda sobre vestir a profissão com verdade e com desejo. A AUDIOLOGIA BÁSICA foi vencida aos 45 do segundo tempo. Quando simplesmente a única certeza era a de cursá-la outra vez nas terças pela manhã. Ela mandou-me rever boa parte do conteúdo, pois realmente, ainda será muito cobrada. A ANÁLISE ACÚSTICA DA VOZ E DA FALA exibiu a mistura autêntica de tecnologia, com formas de análises e nosso padrão ouro de avaliação que é a análise perceptiva auditiva. A voz mais uma vez apresentada e aprofundada. Os nomes dessas que estão por vir são “gigantes” tanto quanto seus reais conteúdos. As AVALIAÇÕES E INTERVENÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS nos distúrbios da LINGUAGEM E DA M.O explanaram duas docentes ricas em simpatia, em qualidade acadêmica e ricas em experiências de vida enquanto fonoaudiólogas. Aqui o amor e o ódio ficaram juntinhos pelos caminhos trilhados e os buracos perpassados.

Nossa outra versão do ponto de vista prático. É como poder se sentir odontólogo de certa forma. As manhãs de segunda-feira incitavam a uma profunda e automática relação com o DESENVOLVIMENTO e com a AVALIAÇÃO de M.O. A ODONTOLOGIA APLICADA à FONO é de dar água na boca. E impossível foi não recordar-se do tempo de tratamento ortodôntico e das várias associações com quem está pertinho da gente. Análises faciais feitas incansavelmente. Nossos próprios dentes observados com demasiada crítica. Sentimento ruim ao saber que novas providências precisarão ser tomadas. Outra barrada por horário. Entretanto, feita com carinho e esforço.

A frase que tornou-se clichê após uma indecente inserção no Diretório Acadêmico do curso: “Os médicos salvam vidas, os fonoaudiólogos fazem com que elas continuem valendo à pena” impregnou-se no que posso definir como MISSÃO, SONHO, OBJETIVO DE VIDA. A fonoaudiologia e o seu árduo, inovador e compensador SEGUNDO ANO. Verdadeiramente um mundo a ser sempre descoberto.

P.s. Quantas mudanças advindas do simples fato de ir para a “República Checa”. Ser adulto é realmente chato de doer!

Às 21:09 do dia 22 de dezembro de 2014.

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