Via Semente - UM PRONTUÁRIO VIVO (parte II)
15:11
O
seriado americano de medicina fez-me adentrar nos mistérios da NEUROANATOMIA.
Apaxonei-me pela ínsula e nunca mais esqueci de uma frase lida na internet
sobre ela ser o ponto de encontro entre alma e o corpo. Centenas de sensações
eclodindo do sistema límbico e um amontoado de aprendizados referentes à ANATO
CABEÇA E PESCOÇO.
Diferentemente
da mescla de angústias e prazeres da FISIOLOGIA BÁSICA, a APLICADA deu sentido
e tonalidades diversas em todo o cenário. Os vários mecanismos fonoaudiológicos
(audição, deglutição etc) tornaram-se um filme vivo na mente daqueles que
perderam seus feriados de início de ano, para entregarem-se aos livros, slides
e vídeos.
Novamente
o seriado americano marcando presença promovendo internamente uma satisfação
enorme em reconhecer sintomas e suas respectivas doenças. Só não fazia questão
de sentir-me médico, justamente pelo amor incondicional à fonoaudiologia.
Parentes, amigos, conhecidos... Suas doenças passaram a ter outros
significados. Do grego pathós, sugerindo
sofrimento, o estudo das doenças, a respeitada PATOLOGIA.
Não
sabia que seria o início de uma disciplina posterior. E tampouco poderia
imaginar que seria entregue com tanto afinco e correlação com a minha futura
profissão. Alguns distúrbios, medicamentos e discussão de comportamentos em
sala de aula por meio de uma metodologia corrida e mui bem cobrada. Não me
esquecerei da cartolina solicitada fazendo-me recordar as preciosidades do
fundamental. A PSICOLOGIA é verdadeiramente primordial e trouxe de volta as
boas lembranças do estágio nas escolas municipais da Prefeitura de BH. Uma, no
nível de ensino médio e a outra, quando fui um estudante de Letras em uma
instituição de ensino privada. Ali eu pude começar a entender o “ser adulto”.
Quantas coisas vêm à tona. Incrível!
Desafiadora.
Felizmente, deu tudo certo. A peguei do quarto para desgustá-la no terceiro. E
a INTRODUÇÃO A AUDIOLOGIA incitou-me a conhecer uma das áreas da fono de
maneira singela e super alto astral. A docente fazia-nos vagar por Marte.
Manhãs de sexta mais que divertidas.
TÓPICOS
EM SAÚDE COLETIVA não apresentava nenhum script de Hitler. Simplesmente os
pontos seriam dados no fim com um bom trabalho à mostra. Que especial foi poder
sentir o resultado de muita dedicação com o trabalho intitulado “Uma abordagem
sobre a Xerostomia”. Parte escrita encadernada, colorida, slide dinâmico e
entrevista com uma queridíssima farmacêutica. São momentos assim que enxergamos
que é preciso prosseguir. Os bons frutos vão caindo suavemente. Quando a gente
assusta, muito já foi aprendido!
Uma
das escolas municipais, os momentos riquíssimos vividos no CENEX em tempos de
Licenciatura. Absolutamente tudo em um resumo inédito que foi o de dar
monitoria de FUNDAMENTOS DE LIBRAS ON LINE. A língua de sinais pôde ser mais
uma vez treinada após a saudade que o “quarteto fantástico” deixou ousadamente
em meu peito. Difícil fora a tarefa de manter-me lá. Mas mesmo que rapidamente,
uma oportunidade concedida e válida.
O
pesadelo do colegial se materializou no que conhecemos por FUNDAMENTOS DE
FÍSICA. No mundo chamado fonoaudiologia, calculadoras científicas e um prédio
demasiadamente distinto do ambiente hospitalar que é a Faculdade de Medicina da
universidade, tomou o seu lugar. Com muito sufoco e algumas “facilitações”, houve
a morte da danada com mais de 70% do rendimento. “Icex outra vez? Nunca
precisou!”
E
de repente o fato de ser um mero estudante de fonoaudiologia passou a ser
encarado como a tarefa séria de ser fonoaudiólogo. O profissional da
comunicação humana em todas as suas vertentes... Um dos semestres mais densos
de serem vividos junto com outros pesos que nos cercam e que transcendem os
muros acadêmicos. Só para dar início ao desespero, uma OTORRINO focada na
laringe, boca e nariz. Um balde de novidades incríveis sobre crises alérgicas,
obstruções nasais, alterações vocais desvendadas. Enfim! Posteriormente, sua
irmã. A OTORRINOLARINGOLOGIA da audição. Mostrando o por que a profissão de
fono nasceu dessa espetacular e admirável área da medicina. Não pensemos jamais
que os ossículos são apenas ossículos, toda a audição é coisa difícil de se
entender e exige muita entrega. Felizmente, tudo deu certo com as preciosas
partes deste curso recheado de sentidos.
A
NEUROLOGIA veio quebrar certas admirações vividas em tempos de Neuroanato.
Talvez que a proferia não tivesse tanto “rebolado”. Mas depois do primeiro
elogio na fase dos seminários. HAHAHAHA! Não teve outra. O conteúdo passou a
ser encarado de outra maneira e tratei-me de investigar mais a fio a
aplicabilidade de enfiar a cara nos medicamentos. Alguns comportamentos
observados puderam ser melhor “lidos” depois das aulas ministradas. Aquela
doutoranda do curso de fono em Neurociências, instigou muita gente a acreditar
na potencialidade do curso e o quão grandiosa pode ser a sua contribuição.
O
leque dos desenvolvimentos impedidos nos tempos de outrora em seu devido lugar,
pôde ser usufruído. O DESENVOLVIMENTO DA M.O provocando o estranho desejo de
ver os bebês com outros olhos. Movimentos mandibulares como saltos dados por
bailarinas. DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM derrubando sobre toda a turma as
essências grandiosas daqueles que começam a se comunicar pelo choro, pelo
balbucio. O DESENVOLVIMENTO DA VOZ com sua didática um tanto estranha de ser,
exibiu uma das complexas áreas desta profissão e o quanto a VOZ pode significar
um registro de personalidade.
Logo
viriam àquelas que colocam qualquer um na berlinda sobre vestir a profissão com
verdade e com desejo. A AUDIOLOGIA BÁSICA foi vencida aos 45 do segundo tempo.
Quando simplesmente a única certeza era a de cursá-la outra vez nas terças pela
manhã. Ela mandou-me rever boa parte do conteúdo, pois realmente, ainda será
muito cobrada. A ANÁLISE ACÚSTICA DA VOZ E DA FALA exibiu a mistura autêntica
de tecnologia, com formas de análises e nosso padrão ouro de avaliação que é a
análise perceptiva auditiva. A voz mais uma vez apresentada e aprofundada. Os nomes
dessas que estão por vir são “gigantes” tanto quanto seus reais conteúdos. As
AVALIAÇÕES E INTERVENÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS nos distúrbios da LINGUAGEM E DA M.O
explanaram duas docentes ricas em simpatia, em qualidade acadêmica e ricas em
experiências de vida enquanto fonoaudiólogas. Aqui o amor e o ódio ficaram
juntinhos pelos caminhos trilhados e os buracos perpassados.
Nossa
outra versão do ponto de vista prático. É como poder se sentir odontólogo de
certa forma. As manhãs de segunda-feira incitavam a uma profunda e automática
relação com o DESENVOLVIMENTO e com a AVALIAÇÃO de M.O. A ODONTOLOGIA APLICADA à
FONO é de dar água na boca. E impossível foi não recordar-se do tempo de
tratamento ortodôntico e das várias associações com quem está pertinho da
gente. Análises faciais feitas incansavelmente. Nossos próprios dentes
observados com demasiada crítica. Sentimento ruim ao saber que novas
providências precisarão ser tomadas. Outra barrada por horário. Entretanto,
feita com carinho e esforço.
A
frase que tornou-se clichê após uma indecente inserção no Diretório Acadêmico
do curso: “Os médicos salvam vidas, os fonoaudiólogos fazem com que elas
continuem valendo à pena” impregnou-se no que posso definir como MISSÃO, SONHO,
OBJETIVO DE VIDA. A fonoaudiologia e o seu árduo, inovador e compensador
SEGUNDO ANO. Verdadeiramente um mundo a ser sempre descoberto.
P.s. Quantas mudanças advindas do simples fato de ir para a “República Checa”. Ser
adulto é realmente chato de doer!
Às 21:09 do dia 22 de dezembro de 2014.
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