Via Semente - Travessia
14:01
“Fechei todas as minhas portas na última noite fria
e deixei a casa recheada de solidão;
Segui as folhas que despencavam das várias árvores
com total intenção de saírem sem rumo;
Eu e uma brisa indelicada andando e procurando em
algum lugar no espaço o material da reflexão;
No leito dos meus pensamentos, as minhas incertezas
desajeitadas. Meus ajustes desajustados em tempos novos, em novidades que de
tanto desejá-las, chegaram;
Todos os meus passos falsos, forçados pelo tempo a
se organizarem, a entrarem na órbita dos meus ideais;
Ultrapassei ruelas vislumbrando estrelas que
pareciam sorrir lá de cima, foquei os meus olhares para onde o meu coração
pudesse mergulhar no cálice da paz, da tranqüilidade;
Então cheguei a uma ponte denegrida pelo tempo, onde
pareciam pairar versos profundos, versos desalinhados do tipo que agitam o
coração;
Entreguei-me a tarefa sincera de só pensar. De
ficarmos eu e a minha alma ali, sentados, olhando as águas escuras pela carência
de iluminação. Pensando eu poderia encontrar a reflexão procurada;
Banhado de subjetividade, num propício ambiente
para tal, deixei-me levar por uma chuva tímida que pediu, aos meus ouvidos, uma
companhia agradável;
Diante de tão enriquecedora experiência notei que
tudo o que eu necessitava era compreender a travessia. A travessia que surge e
ressurge na vida exigindo desdobramentos, adaptações, maturidade;
Travessias vêm e vão. Chegaram agora, bateram a
porta das minhas visões prematuras. Fazem morada agora e partem, quem sabe, no
findar do dia.
Estou atravessando...”
Lucas Teles, 26 de fevereiro, às 18h30min.
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