Via semente - Diálogo aberto

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Há quanto tempo estás fora do seu próprio corpo¿ Há quanto tempo você não sente sua própria rotina pulsar¿ Há quantas andam suas expectativas e como percorrem agora os seus desejos mais ocultos¿ Como está você que abatido por aflições do mundo mal se vê no espelho e sequer sabe o que fez durante o dia¿ Onde está o seu íntimo com seus valores agregados e como se sente agora¿ Sente-se próximo de si mesmo ou sente-se fora desta esfera e suas essências vagam por algum local distante em que uma bússola potente seria incapaz de o guiar até lá¿ O que tem feito com seu próprio corpo e por onde andam aquelas pessoas que viviam com você¿ E as canções que ouvia¿ E as poesias que escrevia¿ E os diálogos filosóficos que os envolvia¿ Por que cobre teus olhos em algo que o distancia de si mesmo¿ Por que negas perceber as mudanças ocorridas e por que se contenta com os hábitos, agora, diários¿ O que fizeste com seu próprio olhar que agora sobrevive inseguro¿ O que mudaste teu pensamento sobre o modo como se porta e como se apresenta aos demais¿ Por que estás assim¿ O que o acomete¿
            Amores incoerentes¿ Seriam dias exagerados e uma falta de lugar próprio¿ Afinal, estás confortável¿ Sente-se bem¿ O que dizer sobre o que vê e o que acontece¿ Via de mão dupla¿
            Em um trajeto imprevisível como a vida, nos enganamos com um acúmulo de fatores que nos persegue até o último instante de mecânica respiratória. Pensamos ser possível andar descalços e escapar de quaisquer que sejam as adversidades futuras.
            Entre sístoles e diástoles cogitamos a hipótese de controlar nossos e vossos sentimentos cientes, pois, que o coração, para além de uma bomba contrátil propulsora, reserva em si nossa alma e nosso espírito. Tiros nos pés...
            Mergulhamos em páginas atraentes que até certo ponto nos leva até as mais lindas paisagens. Entretanto, não colocamos em nossos impulsos nervosos a realidade de que é preciso folhear essas páginas. As histórias mudam. Elas terminam. Elas deixam, inclusive, de existirem quando o brilho desaparece.

 O que o leva a crer que sua vida encontra-se fisiologicamente bem se a indústria de seus pensamentos entrou em colapso¿

Diálogo aberto, Lucas Teles, 27 de outubro de 2013, às 19h13min.


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