Via Semente - Aniversário
13:53
Aniversários crus (z)
As
vésperas desta data nada sonhada meu corpo e a minha alma já sentem um peso.
Meu semblante vai se transformando e o meu coração se encolhe num ato de
repulsa.
Dias,
meses, foi um ano que se passou trazendo uma data que nada sugere.
Atos
de hipocrisia como em ocasiões comemorativas no calendário dos tolos surgem
como capim num solo sem atrativos.
São
felicitações desprezíveis, porque a minha realidade é outra. Porque minha
rotina, meu cotidiano são constituídos por lutas, para além dos sorrisos,
lágrimas, são caminhos que possuem desvios, mas também, crateras. Ou seja, não
vivo num mar de girassóis.
Mas
nesta data tudo fica camuflado. E evidentemente, um ser que vive no mar de
girassóis surge para pelo menos, corresponder abraços, beijos, presentes e
palavras.
Patético.
A
cada desejo lançado dos lábios variados é como um chicote de coisas ruins. São
feridas que se abrem trazendo uma nostalgia que dilacera e um futuro repleto de
incertezas. Como sequer a minha rotina fosse palpável após essa data.
Eu
odeio aniversário. Eu não consigo me abrir para apenas uma data, pois o que
vivo de melhor ou pior depende de muitos dias para acontecer. Meu sistema são
datas e não data. Eu não vivo um ano completo para apenas uma data. Essa data só
marca um acontecimento. Nada mais que isso. E, por puríssima infelicidade, ela
reforça o que os humanos tentam escapar, retirar de suas existências: o tempo
que se passou e talvez o fim de um tempo que está por perto. Aniversários são
sugadores de pulmões. Aniversários são fantasmas que convidam almas e incitam
esqueletos.
Aniversários
são crus (z).
Às
17h40min do dia 09 de junho de 2012
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