Via Semente - Projetos de sorrisos

13:32



Hoje chamei a minha Sensibilidade para uma conversa franca. Questionei os inúmeros instantes em que ela apareceu na minha caminhada. Por que você sempre vem com essa intensidade cortante? Por qual motivo me fazes soluçar e despejar lágrimas mil sobre minha face?
Eu notei, e, aliás, tenho notado, que eu e a minha Sensibilidade não nos acertamos. Sempre que ela surge com suas manifestações calorosas eu fico fraco por dentro a ponto de perder as forças por fora. Não fico imune. Mas vulnerável.
Tudo o que o mundo me faz tem um efeito denso dentro de mim. O mundo me sacode de maneira brusca e nem sempre posso suportar. A Sensibilidade me aponta pequenas, mas tristes situações que me magoaram por inteiro. A Sensibilidade às vezes me tira o ar, sofro por não respirar, perco os sentidos.
Sinto-me escravo da Sensibilidade. Penso que, se eu tiver poder para abandoná-la, perco talvez minha essência. Essência? Eu deixaria de ser eu mesmo, bem, às vezes penso assim. E muitos endossariam este argumento.
Entretanto, essa Sensibilidade me fere. Ela me olha sem perdão nos olhos. Ela me vira às costas quando descoberto estou. Ela me nega apoio. Ela é mesmo cruel. Possui uma arma própria.
A Sensibilidade caminha em vales verdejantes. Dá passos curtos e admira o canto dos pássaros. Ela deita sobre a grama fofa e consegue entender outras almas. As boas almas, claro. A Sensibilidade conforta vários corações e chega a abandonar o próprio coração. Ela se entrega todos os dias, ela se doa, no entanto, não permite ser ajudada, orientada.
É nesse sentido que consigo encontrar motivos para que boa parte de mim seja dela. Da Sensibilidade. Porque ela faz poesias como ninguém. Faz poesias que tocam. Que profundamente inspiram.
Mas é má como ela só. Entrega-me demais ao mundo e me vira do avesso. A Sensibilidade não me deixa alternativas e tenho que carregá-la quase que sempre.
A Sensibilidade, nua e crua, me envolve. E em sua nudez eu me perco. Fecho os meus olhos, sonho acordado. Nos intervalos menores e maiores eu sofro em silêncio. E nos segundos demorados, com a Sensibilidade, eu formulo projetos de sorrisos.
Lucas Teles, às 15:32 do dia 06 de outubro de 2012

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