Via Semente - Por Jairzinho Rabelo *

07:39


Vez por outra me pego emitindo algum tipo de grosseria. É uma situação terrível. Você sabe o que quer dizer, mas não tem tato para isto. Quando acontece acabo magoando muitas pessoas ou criando uma imagem que não representa a pessoa que sou. A minha companheira faz o seguinte diagnóstico: “você é um paradoxo, por um lado é super carinhoso e gentil e por outro é um ‘trator’”.

Aquela história de que “dois bicudos não se beijam” faz muito sentido, imagine o resultado de dois “sangue quente” discutindo? Muitas relações, inclusive amorosas, acabam por conta de situações de grosseria. Quem está sendo grosso sempre acha que tem razão ou diz que não sente que está sendo grosso. Em muitos casos é a imposição sem argumentação.

Temos exemplos na política de indivíduos que são extremamente grosseiros, mas conseguem arrebanhar diversos correligionários à sua causa. Este tipo de situação não deve ser confundida como uma vantagem, pois de fato é uma desvantagem. Nesta área a empatia, cortesia, simpatia e o carisma são elementos fundamentais da maioria dos que desempenham cargos eletivos.

Pode-se imaginar diversas reações diante de uma situação de grosseria. Não existe uma mais adequada que a outra. Vai depender sempre do contexto e dos atores envolvidos. Numa loja, por exemplo, se o vendedor faz algum tipo de grosseria, as vezes uma brincadeirinha sem graça, as possíveis soluções são: procurar outro vendedor; informar ao gerente o tratamento recebido ou tentar respondê-lo com gentileza, calma e afeto. Neste último caso espera-se que ele perceba a falha cometida.

Reagir a uma grosseria com outra maior pode piorar qualquer relação, sem nenhuma necessidade. Veja o caso que aconteceu numa determinada escola: A aluna perguntou ao professor que assunto cairia na prova. Ele respondeu: tudo o que foi estudado, ou você não lembra? Ela reagiu forte: claro que sim. Eu não sou doida. Neste caso houve uma quebra na relação, por conta de algo banal. Às vezes falamos muito e não dizemos nada. Não é nem o que falamos, mas o modo como falamos.

Em geral, muitas pessoas são sensíveis e uma palavra mal dita pode tornar-se maldita. Deve-se verificar sempre o poder que as palavras têm. Elas podem construir, influenciar, convencer, unir e muito mais. Por outro lado, podem destruir, arrasar, maltratar e até matar. É verdade matar, quem nunca viu algum tipo de relacionamento ser exterminado somente com o uso de palavras? O diálogo deve ser um exercício contínuo de reflexão e ação. Pensar sempre no que se vai dizer e organizar o como dizer é uma boa forma de zelar pelo bom relacionamento em sociedade.

Acredito sempre na capacidade de dialogar que é inerente aos seres humanos. Em diversos casos a melhor resposta para uma grosseria é o silêncio. Não tem algo mais irritante para uma pessoa quando ela fala de forma ríspida e seu interlocutor fica totalmente calado. Claro que isto pode desencadear mais raiva, mas é uma maneira de adiar uma conversa, visto que a rispidez pode ser passageira.


Diante do que se observou, evitar a grosseria é um exercício. Fazer força para retrucar é um exercício ainda mais complexo. No entanto, como queremos sempre viver e conviver num clima de paz e harmonia, a vitória vai ser sempre daqueles que sabem dizer e sabem ouvir. Afinal, inevitavelmente vamos sempre nos precisar e nos relacionar.

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